CHOVEU tanto sôbre o teu peito
que as flores não podem estar vivas
e os passos perderam a fôrça
de buscar estradas antigas.
Em muita noite houve esperanças
abrindo as asas sôbre as ondas.
Mas o vento era tão terrível!
Mas as águas eram tão longas!
Pode ser que o sol se levante
sôbre as tuas mãos sem vontade
e encontres as coisas perdidas
na sombra em que as abandonaste.
Mas quem virá com as mãos brilhantes
trazendo o seu beijo e o teu nome,
para que saibas que és tu mesmo,
e reconheças o teu sonho?
A primavera foi tão clara
que se viram novas estrêlas,
e soaram no cristal dos mares,
lábios azues de outras sereias.
Vieram, por ti, músicas límpidas,
trançando sons de ouro e de sêda.
Mas teus ouvidos noutro mundo
desalteravam sua sêde.
Cresceram prados ondulantes
e o céu desenhou novos sonhos,
e houve muitas alegorias
navegando entre Deus e os homens.
Mas tu estavas de olhos fechados
prendendo o tempo em teu sorriso.
E em tua vida a primavera
não poude achar nenhum motivo...
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