"O amor quer o monopólio das faculdades da alma." Schiller

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Os peixes ilusórios - E.W.

Acredito que os olhos escuros, em que me fito, são para mim
tão transparentes quanto água cristalina.
A ausência de espírito é algo cultivado com tamanha destreza,
que para mim já foi um desejo e um fracasso.
E, que fracasso!

Mas são estes olhos claros que geram angustias abstratas.
São águas profundas, que pensando tocar os pés em pedras
algumas vezes enxergamos peixes ilusórios e monstros marinhos.
Quem dera pudéssemos calar o canto das sereias;
E então quebrar seu encanto...

Espirituosos não são previsíveis, águas claras nem sempre são calmas.
Mas quem aqui está procurando calmaria?
Realmente eu não posso deixar de enxergar,
mesmo quando não procuro, evidências chegam a mim.
Destino, qualidade ou fardo?

Não é uma tempestade, tempestades são...
demasiadas femininas para mim, e a morte também,
a morte é agora também demasiada feminina para mim.
Dane-se o mundo e a passagem desta vida:
19 anos - e uma velha que até parece cética! Uma ironia?

Eu digo - temam os olhos espelhados.
Muitas vezes nós enxergamos o que queremos ver,
e o que procuramos nem sempre é real.
O espelho é reflexo, é mistério.

É ver os seus mesmos peixes ilusórios em outro oceano.